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Terceira Invasão Francesa

 

 

 

Invasões Francesas

 

 

 

A Terceira Invasão Francesa teve início em Julho de 1810 e terminou em Abril de 1811 com a retirada das forças francesas para Ciudad Rodrigo. O exército invasor era o maior dos que já tinham invadido Portugal, em 1807 sob o comando de Junot e 1809 sob o comando de Soult. O comandante deste exército, o marechal Massena, era um dos mais conceituados marechais de França. Para a sua derrota contribuiu não só a qualidade do exército anglo-luso, sob comando de Wellinton, mas também a estratégia utilizada por este general e desenvolvida com base nas Linhas de Torres Vedras. 

 

 

Recriação Histórica do Cerco de Almeida

Todos os anos, no último fim-de-semana de Agosto, realiza-se em Almeida, a Recriação Histórica da Terceira Invasão Francesa com o Cerco de Almeida. Este evento destaca-se como o ex-libris da vila uma vez que atrai milhares de turistas e centenas figurantes para a sua realização, uma vez que, o cenário natural que a vila contempla, assume-se como uma das melhores recriações no contexto europeu. E no último Sábado de cada mês, entre as 11 e as 12 horas, junto às Portas de São Francisco, realiza-se a Rendição Solene ou Render da Guarda, praticada pelo Grupo de Recriação Histórica do Município de Almeida (GRHMA), constituído pelas unidades militares do Regimento de Infantaria Nº 23 e do Regimento de Artilharia Nº4 do período histórico comummente designado de Guerra Peninsular, ocorrida entre os anos de 1807 e 1814.

 

Massena só retomou a marcha a 15 de Setembro. Durante o tempo que permaneceu na região de Almeida providenciou rações para alimentar o seu exército durante quinze dias. Esta sua preocupação era pertinente pois Wellesley tinha planeado retirar da rota da invasão tudo o que pudesse alimentar as tropas francesas e o exército francês alimentava-se normalmente do que obtinha nos territórios por onde passava. Além disso, as unidades de milícias sob comando do coronel Nicholas Trant flagelavam-nos constantemente e retiravam muita liberdade de acção às tropas para procurarem alimentação.

 

A Batalha do Buçaco travada a 27 de Setembro de 1810 resultou numa importante vitória do exército anglo-luso. Wellesley ocupou uma excelente posição defensiva na Serra do Buçaco, entre Penacova e Luso. Massena subestimou as forças anglo-lusas e lançou um ataque frontal que não resultou. Os franceses foram repelidos com relativa facilidade e sofreram cerca de 4.500 baixas. Os Aliados sofreram 1.252 baixas. Depois da batalha, os franceses contornaram a posição por norte, pela estrada de Mortágua e Mealhada, e os Aliados retiraram em direcção a Coimbra antes que as tropas francesas se colocassem à sua retaguarda. A invasão francesa continuava mas, enquanto o exército anglo-luso reforçou a confiança no seu próprio valor, os franceses começaram a prever as dificuldades que iam enfrentar e o moral das tropas começou a baixar. O objectivo de Wellesley era agora atingir as Linhas de Torres Vedras e aguardar aí o eventual ataque francês.

 

Com o exército aliado retirava a maior parte da população das regiões em que iria passar o exército francês. Foi dada ordem de evacuação de Coimbra, as propriedades agrícolas foram abandonadas, os bens que não podiam ser transportados e podiam servir de algum modo os franceses foram destruídos. Em Coimbra, no entanto, os franceses encontraram abundantes abastecimentos mas a cidade foi saqueada e, por isso, não tiraram o melhor proveito dos bens que encontraram. Nesta retirada para a península de Lisboa, a Divisão Ligeira de Crawford mantinha a guarda da retaguarda.

 

Entre Coimbra e as Linhas de Torres Vedras deram-se alguns encontros entre as forças francesas mais avançadas e a guarda de retaguarda do exército de Wellesley. Os combates mais significativos registaram-se perto de Pombal e de Alenquer. No dia 11 de Outubro as forças avançadas dos franceses avistaram as Linhas de Torres Vedras. Verificaram-se trocas de tiros na região do Sobral de Monte Agraço. No dia 14, o próprio Massena veio observar as Linhas e compreendeu que não as podia atacar sem receber ajuda. Esta poderia vir de Soult que se encontrava na Estremadura espanhola. Nem essa ajuda chegou, nem Wellesley arriscou sair das Linhas para uma batalha em campo aberto

 

Massena manteve-se frente às Linhas de Torres Vedras durante quatro semanas. Depois retirou para posições entre Rio Maior e Santarém onde podia obter alimentos mais facilmente. Podia resolver por algum tempo o problema do abastecimento do seu exército mas não podia atingir o seu objectivo, Lisboa, pois continuava isolado de todos os outros exércitos franceses. À sua retaguarda as acções de guerrilha desenvolvidas pelas milícias e ordenanças criavam-lhe as maiores dificuldades. Para enviar um relatório da situação a Napoleão foi enviado o general Foy e foi necessária uma escolta formada por um batalhão de infantaria e um esquadrão de cavalaria - entre 500 a 750 homens - e no regresso Foy era escoltado por 1.800 homens.

 

A situação provocava um desgaste grande no exército francês. Dos cerca de 65.000 franceses que tinham entrado em Portugal, em Setembro só 46.500 estavam presentes. Uma divisão estava a caminho para reforçar este exército mas isso, na realidade, significava um problema de mais 7.500 homens para alimentar. Wellesley, pelo contrário, recebia apoios pelo mar e tinha o porto de Lisboa à sua disposição. Recebeu abastecimentos e recebeu reforços. Em Março tinha sete divisões e estava a formar-se a oitava. As tropas portuguesas continuavam a receber treino e a melhorar as suas capacidades. Massena manteve esta situação durante cinco meses. No dia 6 de Março um camponês comunicou aos britânicos que os franceses tinham deixado acesas as fogueiras dos acampamentos mas retiraram-se durante a noite.

 

A retirada francesa surpreendeu o exército de Wellesley e, desta forma, ganhou um avanço de vinte e quatro horas sobre as unidades anglo-lusas que iniciaram a perseguição. Só no dia 11 de Março a guarda avançada dos Aliados, a Divisão Ligeira, entrou em contacto com a guarda de retaguarda francesa, formada pelas tropas do marechal Ney, perto de Pombal, onde se deu o Combate da Rendinha. As escaramuças continuaram nos dias seguintes. Massena pretendia atingir o território a norte do Mondego onde poderia obter os abastecimentos necessários ao seu exército. Nessa região encontravam-se as milícias sob comando do coronel Nicholas Trant que ofereceram resistência em todas as passagens possíveis do rio Mondego. O grosso das tropas de Wellesley aproximava-se e Massena mais não podia fazer do que acelerar a retirada e, para isso, livrou-se de tudo o que não era essencial.

 

No dia 22 de Março, o exército francês estava concentrado entre a Guarda e Celorico e tinha estabelecido contacto com Ciudad Rodrigo. No início de Abril, os franceses mantinham em Portugal a fortaleza de Almeida e uma estreita faixa de terreno entre a fronteira e o rio Coa. Nessa região, foi travado o Combate do Sabugal que Wellesley considerou uma das mais gloriosas acções em que as tropas britânicas se viram envolvidas . As forças francesas envolvidas nessa acção, o II CE de Reynier, retiraram para Espanha onde se encontrava já o resto do exército. Os franceses mantinham ainda a praça de Almeida de onde a guarnição francesa conseguiu retirar na noite de 10 para 11 de Maio de 1811.

Wellesley tinha libertado Portugal pela terceira vez. Os franceses retiraram com baixas muito pesadas pois de Setembro de 1810 a Abril de 1811 perderam cerca de 25.000 homens. Cerca de um quarto – pouco mais de 6.000 - foram aprisionados, uns 15.000 foram vítimas de doença normalmente provocada pela fome, de exaustão ou caíram nas mãos de guerrilheiros quando se afastavam da sua unidade para procurar comida ou por qualquer outra acção em que actuavam isolados ou em pequenos grupos. Apenas 1.500 – 6% das baixas – ficaram a dever-se a acção em combate. Estes números mostram bem as dificuldades que os franceses atravessaram para se manterem em Portugal desde que chegaram às Linhas de Torres Vedras até à sua retirada para Espanha.

 

Wellesley podia agora considerar a possibilidade de assumir uma atitude ofensiva. No entanto ainda existiam problemas pois necessitava para isso de controlar no Centro as praças de Almeida e Ciudad Rodrigo que controlavam a estrada para Salamanca e Valladolid e, no Sul, as praças de Elvas e Badajoz que controlavam a estrada para Talavera e Madrid. Wellesley teria de actuar sobre estes dois eixos para capturar Almeida, Ciudad Rodrigo e Badajoz (esta tinha sido conquistada por Soult em Fevereiro de 1811). Foi com estes objectivos que foi travada, no Centro, a Batalha de Fuentes de Oñoro enquanto ainda decorria o Cerco de Almeida e, a Sul, a Batalha de Albuera. Nestas batalhas, já em Espanha, tomaram parte as unidades portuguesas integradas no exército de Wellesley.

 

Esta foi a terceira e última das invasões francesas de Portugal. Na realidade, em 1812, as forças francesas voltaram a entrar em Portugal. Eram forças do exército do marechal Auguste de Marmont. O seu objectivo já não era a ocupação do território mas apenas obter posições favoráveis perante o exército de Wellesley.

 

Fonte: Wikipedia

 

 

A praça espanhola de Ciudad Rodrigo controlava a estrada para a fronteira portuguesa e, por isso, era essencial para iniciar a invasão que se encontrasse controlada pelos franceses. A sua fortaleza tinha uma guarnição espanhola com cerca de 5.500 homens sob comando do marechal de campo Don Andreas de Herrasti. O Cerco de Ciudad Rodrigo tinha começado a 26 de Abril de 1810 mas só a 25 de Junho foi lançado o assalto à fortaleza. Os defensores resistiram até ao dia 9 de Julho. O próximo obstáculo a vencer encontrava-se já em Portugal.

 

A Praça Forte de Almeida situa-se em Terras de Ribacôa, na Beira Interior, junto à fronteira com Espanha, a cerca de 35 km de Ciudad Rodrigo. A ocidente da praça corre, de Sul para Norte, o Rio Côa . O forte tinha uma guarnição 5.600 homens e mais de 100 peças de artilharia . Para avançar era necessário, portanto, estar na posse da praça e para o fazer era necessário afastar a Divisão Ligeira de Crawford. Essa tarefa ficou a cargo do vice do marechal Ney. O Combate do Côa a 23 de Julho de 1810 foi, nesta invasão, o primeiro confronto em território português entre as forças de Wellesley e os invasores. Crawford que vinha a executar uma acção retardadora desde o território espanhol foi obrigado a retirar-se depois de ter oferecido forte resistência. O Cerco de Almeida (1810)  começou no dia 24 de Julho e durou até ao dia 28 de Agosto.

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